A série de catástrofes no Japão devem afetar as exportações brasileiras de produtos utilizados em indústrias no país asiático que tiveram que paralisar sua produção devido à falta de energia. A avaliação é do gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.
"O Brasil pode ter suas vendas para o Japão afetadas, mas a região japonesa onde se concentram as principais indústrias não foi afetada pelo tsunami", alertou o economista. Do lado oposto da corrente de comércio, acrescentou, a CNI ainda não tem informações sobre empresas brasileiras que estejam com dificuldade em receber peças e equipamentos de fornecedores japoneses.
Castelo Branco também disse acreditar que não deve haver eventuais chamadas de capital por parte de empresas japonesas em dificuldades às filiais brasileiras. "Não vejo grande possibilidade disso, porque o Japão tem muita liquidez e quem vai precisar de recursos é o governo, uma vez que os danos maiores ocorreram na parte de infraestrutura e de moradias", completou.
Minério de ferro
A tragédia deve afetar também as exportações de minério de ferro, que representa metade do que é vendido pelo Brasil ao país. A curto prazo, pode ocorrer um adiamento e até a suspensão dos embarques, já que a logística está prejudicada, avalia o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro. O desastre deve afetar os preços no mercado global. Pelo menos três siderúrgicas foram afetadas, o que pode provocar uma oferta adicional do minério no mercado "spot" (à vista).
"É possível que o minério que havia sido contratado por essas empresas seja direcionado ao mercado ´spot´, pressionando os preços ", diz o analista Carlos Kochenborger.
COM PRODUÇÃO MENOR
Preços de chips disparam no mundo
Nova York/Tóquio. Na semana passada, chips de 8 gigabytes, usados em câmeras e smartphones, custavam US$ 7,30 no mercado "spot" (à vista), no qual produtores costumam compram componentes. Anteontem, eles já custavam cerca de US$ 10. Esse pulo ilustra como o desastre no Japão, que fechou fábricas de Toshiba, Canon, Sony e outras, teve impacto imediato sobre o fornecimento dessas peças.
Segundo analistas, pequenas empresas asiáticas podem sofrer mais. Mas até mesmo gigantes como a Apple, que já teve dificuldade em encontrar componentes para o iPad e o iPhone e que já viu seu iPad 2 esgotar, podem ser afetadas. Além disso, quase todas as montadoras, podem ter de paralisar a produção de alguns modelos.
Eletrônicos prejudicados
Os fabricantes japoneses de produtos eletrônicos alertaram que sua produção será prejudicada por novos problemas de suprimento e distribuição de componentes, em meio às quedas de energia que vêm acontecendo depois do desastre no Japão.
A Canon anunciou que poderá suspender a produção em uma de suas principais fábricas em Oita, no sul do país, alegando problemas no fornecimento de componentes e para a distribuição. A Nikon informou que a suspensão da produção em suas fábricas de equipamento de precisão no norte inevitavelmente causará problemas nas fábricas mais próximas da capital, cujos estoques de componentes vão acabar.
Fonte: Diário do Nordeste